PRESUNÇÃO




Lucas 21. 29-36

O Quebra-cabeça há muito estava montado. Mas, uma única peça ficara fora do tabuleiro e para ela não se achava lugar. Somente o seu inventor poderia saber por que assim o era. Mas, quem conhecia a mente dele? Quem primeiro deu a ideia a ele para que possa lhe dizer?

E quanto àquela peça sozinha, sem lugar para ela no grande tabuleiro da vida? Ela sentiu até medo de pensar. Mas é natural que sentisse. Tinha medo de expressar o que pensava daquilo tudo. Mas, se estiver certo seu pensamento? Não, não pode ser... É loucura pensar o que pensava – dizia para si mesma.  Mas o que pensava? Será possível ao ser mortal conhecer ou sequer imaginar o que é ser imortal?  Ter a vida eterna?

O Cristo conhecido é o próprio Anticristo! Como escapar do desespero causado por este pensamento? Somente será livre se receber, por revelação do próprio Deus, que esse é o Cristo pregado pelas religiões criadas pelos homens, só assim poderá se ver livre da agonia de uma existência deslocada. Satanás é tão astuto que deixou nas religiões a mentira de que o Anticristo um dia chegaria ao mundo quando, na verdade, ele sempre esteve no mundo, desde um tempo que não se consegue imaginar. Neste caso a palavra bíblia deve ser escrita com letra minúscula porque, na verdade, não é a palavra de Deus, é a palavra do Diabo!

Neste caso, que o Verdadeiro Deus ajude ou destrua o justo, pois, ele pensa contrariamente ao que toda a espécie humana pensa e acredita desde sempre. Mas a situação pela qual a Humanidade está passando e sempre passou, só pode ser fruto diabólico! Não é parecido com o belo e prometido narrado na Bíblia.

De cabo a rabo a Bíblia descreve a desgraçada vida do homem sobre a face da terra. Segundo ela, tudo teve seu início no Éden, quando o ser humano preferiu acreditar nas palavras do ser maligno que lhe dizia que não morreria se comesse da árvore do Conhecimento, antes, pelo contrário, teria o mesmo Conhecimento do Bem e do Mal, seria como o próprio Deus.

Desde então, desprovido de sua imortalidade, o homem foi lançado fora do tabuleiro edênico e desde então vive como peça deslocada porque fora do belo quebra-cabeça. Não encontra lugar para si e é obrigada a enfrentar e aceitar sua mortalidade. Seu nome é Presunção e toda sua existência seria pautada pelo falso conhecer do que é o Bem e o Mal. Assim, e até os dias de hoje, todo seu julgamento parte de uma premissa falsa que é a de possuir o verdadeiro Conhecimento. Por toda a Bíblia encontramos o homem desgarrado de Deus e praticando o mal, achando que pratica o bem. O conhecimento que possui é falso porque veio do pai da mentira.

E tudo vem se repetindo, desde então. Também foi assim nos dias de Noé e depois dele, quando aqueles que saíram da arca continuaram a praticar o mal pensando que faziam o bem, pois, ainda carregava em sua natureza o mesmo falso conhecimento. E a morte continuou a reinar!

Estamos na Primavera e logo aparecerão as flores em toda a sua exuberância. Afinal, é a estação das flores e o anúncio da chegada do verão.

Na leitura do texto de hoje, Lucas fala na forma de parábola, sobre a vinda do reino de Deus. Ele nos adverte para que tenhamos cautela; para que os corações dos discípulos não fiquem “sobrecarregados com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo”, para que a sua vinda não venha “sobre nós repentinamente, como um laço, pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face da terra.”.

Mais uma vez a história se repete. Mais uma chance é dada ao homem. Não posso deixar de imaginar o profundo sofrimento contido no lamento de Jesus-homem e Deus quando, do alto de um monte e tendo à sua frente Jerusalém, ele diz:

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que a ti foram são enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhas a dizer: Bendito o que vem nome do Senhor!”


Como das outras vezes, nos é oferecido uma escapatória: devemos vigiar e orar para estar em pé quando ele vier.

 Voltando um pouco, ainda em Lucas, encontramos a chamada “Oração Sacerdotal”, onde Jesus pede ao Pai, referindo-se aos seus discípulos: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guarde do mal.”; e mais: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio de sua palavra.”.

Como vimos no texto do dia 13 passado, esse dia virá como um “relâmpago, fuzilando” e brilhando de “uma a outra extremidade do céu.”.

Mas o homem, ainda carregando a sua presunção, não tem paciência para esperar e diz consigo mesmo: “meu senhor tarda em vir” e continua praticando a maldade. E, como nós que vivemos hoje, os discípulos queriam saber quando ele voltaria. E a resposta é a mesma: “Cuide que não sejais enganados”. Mas, pela sua misericórdia, ele nos diz que “Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino; haverá grandes terremotos, epidemias e fome em vários lugares, coisas espantosas e também grandes sinais do céu.”. E mais: Antes, porém, “lançarão mão de vós e vos perseguirão... E sereis entregues até por vossos filhos, irmãos, parentes e amigos..., Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações com perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; (...) Os poderes dos céus serão abalados. Então se verá o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória. Ora, ao começar a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.”.

Ora, de todos os sinais acima, qual - ou quais - ainda não se vê? Sim, porque quase todos eles já acontecem nos dias de hoje; não há quem ligue a televisão ou olhe à sua volta e não veja o que já acontece. A corrupção de Israel, relatada pelo profeta Miquéias, não é diferente da que vemos nos dias de hoje no mundo todo.

Os complicados estudos e comparações feitos pelos estudiosos dão a entender que os discursos pronunciados por Miquéias foram feitos após o ano de 722 a.C. Não obstante, é impossível datar com exatidão seus discursos.
As injustiças sociais eram notórias nos dias de Miquéias – nos dias de hoje - e por esta razão já ia surgindo no horizonte profético a ameaça do exílio babilônico do povo de Israel.

Entre os pecados por ele denunciados no seu tempo, podemos salientar os seguintes: a idolatria, a cobiça dos nobres que se iam apossando dos campos dos pobres; a desconsideração para com os direitos da herança; visitantes estrangeiros eram assaltados e roubados. Infelizmente, são os mesmos que vemos nos nossos dias. Porém, o pior de todos os pecados denunciados por Miquéias era a prática de sacrifícios humanos! (Miquéias 6.7 e II Reis16. 3 -40).  Já no seu tempo Miquéias nos diz que “pereceu da terra o piedoso, e não há um entre os homens que seja reto; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos males da sua alma.” E nos aconselha: “Não confiais no amigo, nem confiais no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito. Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra sua mãe, a nora contra a sogra, os inimigos do homem são os da sua própria casa.” - o mesmo acontece hoje!  Qualquer semelhança com os dias de hoje não é coincidência.

Eu, na minha falta de conhecimento, penso que só falta surgir “grandes sinais do céu.”. Então eu saberei que chegou a hora.


Ah, Homens com suas Religiões! Quantos males causam com sua Presunção!

Esta será a última vez?

A Bíblia diz que sim.



EP. Gheramer

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